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Testemunhos de sobreviventes

Leia a seguir

Onde quer que houvesse tiroteio, corríamos na direção oposta

Livnat S.'s story

Um breve momento durou dez horas. Dez horas no mamad sem resposta. Dez horas de medo existente só em filmes

Há exatamente uma semana.

O dia de Shabat 

Simchá  Torá (A Festa judaica da Torá) 

Às 6:30, ouvimos o  alerta vermelho (Tzeva Adom)

Pegamos na Kesem de quase dois anos 

Gefen  de 7 anos, e entramos juntos para  o Mamad (quarto seguro)

Com a Silan, que já  estava lá..

Ainda estamos confusos por causa do sono, mas em segundos ouvimos rajadas de tiros  no ar. 

Olhamo-nos nos  olhos, Aryeh e eu, e imediatamente entendemos.Era impossível ignorar que era um terrorista. 

Com otimismo, digo a Silan para não se preocupar e que não havia chance de ele estar dentro do kibutz. 

Temos à nossa  volta  uma cerca a proteger-nos   e logo iriam eliminar o terrorista. Quem pensou que não havia mais cerca?

Quem pensou em centenas de terroristas??

Tudo aconteceu tão rápido. 

E tão lentamente.

Tiros para todos os lados. 

Vidros estilhaçam-se  

Tentam  abrir a janela do Mamad  

Ouvimos conversas em árabe. 

Uma granada.

A porta do Mamad abre-se pela sua  pressão

Estava tudo cheio de fumaça, e logo vimos   o que se passa  

Mais um segundo e  vê-los (aos terroristas) 

A entrar  no Mamad .(quarto seguro)

O medo de encontrar a crueldade nos seus olhos, o rosto do mal. 

Gefan  encolheu -se   no canto.

Silan bradou ao céu e me abraçou. 

"Eu te amo",  sussurrou ao meu ouvido. 

Cobri  a Kesem, que estava a dormir, para que eles não a vissem e já dando meu último suspiro. 

E Aryeh? 

Ela congela por um momento, com grande desenvoltura e supervisão divina, toma  controle da  porta  e subjuga os assassinos do lado de fora.

Que milagre que tivemos. 

Que milagre!!!

Enquanto tudo isso acontecia, eu informava o grupo do WhatsApp dos amigos no kibutz.

Eles não conseguiam acreditar no que estava dizendo. 

Achavam que talvez  o estivesse imaginando. 

Por que o que tiros teriam a ver? 

Granada? 

Quem esperaria por isso? 

Quem pensaria nisso?

Em  retrospectiva, entendi que o exército

Esperou e   se preparou  exatamente para este momento. 

Desde Tzuk Eitan.(Penhasco  Forte , nome da operação militar em Gaza, 2014) 

No final, fomos nós aguardamos 

Horas e mais horas. 

Vimos amigos pedindo ajuda,

Sentados assustados  no escuro, tapando a boca  das crianças pequenas que riem
Sentimo-nos abandonados!
Perdidos! 
Desamparados! 
Impotentes! 


Livnat S.'s story - Our destroyed house


Nenhuma voz que responde!. 

E uma grande voz que diz

Num momento tudo vai acabar! 

Um breve momento durou dez horas. 
Dez horas no mamad  sem  resposta. 
Dez horas de medo  existente só  em  filmes. 

Dez horas em que amigos gritavam  por ajuda e não conseguimos acessá-los . 

Dez horas esperamos  por um sinal. Sem nenhum indício. 

Num  silêncio ensurdecedor

A certa altura , o exército chegou e pediu que abríssemos a porta. 

E nós que  estávamos ali  sentados com medo,não  acreditamos  que eram eles. 

Continuamos sentados em silêncio até que ameaçaram fazer  explodir a porta. 

Nesse momento, gritamos-lhes que estamos no mamad e que não a explodissem. 

Com grande apreensão, abrimos a porta

E vimos a Luz.

De fato eram os nossos soldados, abraçavam-nos  e cuidaram de nós

Mas não sabíamos quanta escuridão nos esperava  lá fora. 

Agrupam-nos com várias famílias até podermos  ser evacuados  para um local seguro.

Às 20:00 da noite, saímos nos   nossos carros depois de verificar que não estavam danificados. 

Quanto dano  ocorreu.

Que destruição. 

Demos carona a alguns amigos que não tinham mais carros e partimos. Sentados uns em cima dos  outros. 

Sem janelas. 

Todo o carro cheio de vidros estilhaçados.

Aterrorizador

A estrada 232 está escura. 

Cheia de veículos  queimados na estrada

Cadáveres  deitados  no chão. 

Um tanque em chamas. 

E aos poucos começamos a ouvir 

Mais histórias e  notícias  sobre amigos começam a chegar. 

A mente recusa  acreditar e o coração se parte.

Levará tempo a colar  os fragmentos, os externos, os internos.

Levará tempo para entendermos  a magnitude da perda.


Estou dolorida até o fundo da minha alma, 

pelos amigos que não estão mais conosco, 

pelas famílias inteiras que se despedaçaram, 

pelas crianças pequenas o que viram e ouviram, 

pelos muitos bens que foram destruídos, 

pela segurança nacional  abalada, 

pelo lugar que costumava ser o nosso lar.


Estou dominada pelo medo e pela ansiedade

que antes desconhecia. 

Porém, não esqueço

Os muitos milagres que tivemos

E os muitos que  teremos.

A supervisão divina. 

Estou em uma gratidão plena 
Cheia de esperança 
Por tudo o que está sendo feito. 

Porque mesmo que agora estejamos no escuro,

O dia vai clarear

E  entenderemos.

Que tudo aconteceu para o  nosso bem maior..

Obrigada  Povo de Israel pela  determinação 

Que protege e abraça

Só o  amor vencerá!!


Livnat S.



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