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Testemunhos de sobreviventes

Leia a seguir

Estávamos como ovelhas em uma jaula, procurando um furo na cerca para que possamos fugir

Galit K.'s story

Pessoas voltaram de trás gritando que estavam atirando neles. Para onde corremos?

Eu sinto que este post é necessário, e é bom que o escreva logo.Sei quanto todos esperam por um pouco de informação. O que passamos e como os que se salvaram conseguiram sobreviver..Acredito que todos que estiveram lá devem falar sobre isso o máximo possível para que possam lidar com a loucura que aconteceu.


Galit and a friend resting in a greenhouse

Tudo começou de manhã, e até então estava ótimo. Uff! Estava muito bom, todos dançando, felizes e sorridentes comemorando a vida. Ao redor das 6:15 começaram os foguetes sobre nós. Noam pergunta: “ Vocês escutam? É o sistema de defesa antiaéreo”. OK, está em ordem… Com o sistema antiaéreo estamos bastante acostumados. Depois de dois minutos a música parou. Eden chega e grita para nós, que estamos muito acomodados, e, ainda sentados “Vamos acordem, isto é um alerta!!” OK… acordamos e fomos na direção da saída.


Deitamos no chão e vimos as interceptações, rezamos para que isso passe rapidamente, mas ainda não entendemos a ordem de grandeza do que ainda iria acontecer. Depois de alguns minutos, os guardas do festival começaram a retirar todos do lugar pedindo que se dispersem. E nós? Ainda não entendendo o que realmente estava acontecendo. Dissemos, OK, esses são foguetes, as coisas vão ficar em ordem…



Galit and friends at NOVA

Meio acomodados e meio amedrontados voltamos para o camping e começamos a recolher nossas coisas. Que sorte tivemos de não sair nesta hora, pois muitos já tinham fugido e infelizmente não estão mais entre nós. Depois de juntar tudo fomos em direção ao estacionamento onde procuramos nosso carro por 10 minutos. Procuramos o carro e não achamos. Era um estacionamento gigante, todos estressados e começando a fugir. Depois de 10 minutos achamos o carro, carregamos as coisas e começamos a viajar.


Congestionamentos gigantes na saída da festa e quando chegamos na encruzilhada onde deveríamos virar na direção norte, vemos muitos carros voltando desta direção, todos dizendo para não irmos para o norte, e sim para a outra direção - sul. Viramos à esquerda e quase não nos movemos devido a grande quantidade de carros. Depois de um minuto, um carro chega em alta velocidade, para a alguns metros de nós, e de dentro do carro saem algumas pessoas gritando que tem alguém ferido, que recebeu um tiro de terroristas.

Talvez, fosse nesta hora que começamos a entender o que ocorria ao nosso redor. Começamos a escutar tiros, havia alguns guardas que demonstravam medo à nossa frente. Assustados tentavam manter a calma para que todos os participantes da festa que não sabiam o que fazer, para onde ir, todos estavam impotentes. Nos disseram para sair dos carros e para correr para os campos abertos.


Pessoas voltaram de trás gritando que estavam atirando neles. Para onde corremos? Será que é mais seguro do que esperar? Onde se esconder? Não tínhamos ideia do que deveríamos fazer. Começamos a correr, e durante a corrida escutamos tiros vindos de trás, dos lados. Não sabíamos para onde correr e o que fazer. Simplesmente, continuamos indo para frente durante 4 horas! Meu Deus, agradeço pelas forças que Você me deu para continuar a correr e não desistir!




Obrigado por todos os milagres que fez comigo no caminho.Durante todo o caminho, rezamos pela vida de todos e gritando por não haver ninguém que pudesse nos ajudar. Quanta frustração e quanta impotência sentimos naqueles momentos. Onde estão os helicópteros? Onde está nosso exército? Onde está a polícia? Onde está a ajuda que necessitamos? O que está ocorrendo aqui??? Não sabíamos que todo o país tinha entrado em uma guerra séria, que a ordem de grandeza das coisas era em nível que não podíamos aceitar.


Depois de 4 horas, aproximadamente, chegamos em uma estufa, estávamos muito desidratados. Houve um momento que temia que iríamos morrer desidratados antes dos tiros dos terroristas. Na estufa descobrimos uma torneira d´água, bebemos e pessoas começaram a se concentrar ao nosso redor. Todos com uma preocupação que nunca tinha visto em minha vida.


Neste instante um guarda chegou, mas, ele não conseguia dar respostas ou dizer o que iria acontecer conosco. Depois de uma hora, uma pickup chegou e levou aproximadamente 20 pessoas.Disseram-nos que tinha um assentamento perto, a uns 7 quilômetros, que se chama Patish.“Comecem a andar para lá, é mais seguro”, disseram-nos.


Começamos a andar, mas ainda escutamos tiros atrás de nós durante todo o tempo. Depois de andarmos por uma hora chegou um carro civil que nos levou para este kibutz .Aí já estava mais seguro. Nos salvamos neste dia, por milagre! Não consigo imaginar o que passou com os que foram assassinados, com os desaparecidos ou sequestrados. Meu coração está com todas as famílias que perderam seus entes queridos e aqueles que ainda os estão procurando.


Com a ajuda de Deus, esperamos que ouçamos muitas boas notícias e que tenhamos dias melhores. Obrigado a todos aqueles por se preocuparem comigo, eu os amo e agradeço a Deus que estou aqui e agora registrando para vocês minha estória dentro da chacina que ocorreu. Pelo visto, todos ficaremos marcados por cicatrizes devido a estes dias e como aceitar tudo que aconteceu? Com certeza, vai levar ainda levar tempo.



Galit K.


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