Estou compartilhando principalmente para explicar e divulgar o que passámos no centro de operações de Kissufim,
As perguntas que circulavam na rede (redes sociais) de: “Onde estavam os observadores da Inteligência militar (corpo de coleta de informação de inteligência de combate)? “ devem parar..
4:00 da manhã de sábado, 7 de Outubro,levanto-me para outro turno.
Às 6:30, tudo começa, alertas de mísseis surgindo no sistema de detecção, sirenes de “Alerta Vermelho” tocando e estrondos ensurdecedores. Tudo em poucos segundos.
Cada uma de nós tinha pelo menos três esquadrões em diferentes linhas de comunicação. Então aconteceu comigo.
Dezenas de terroristas, não consegui contar.
Motocicletas e um trator derrubando a cerca da fronteira, seguidos por picapes.
Parecia surreal, como um jogo de computador. Pensei:- amanhã vou acordar e contar para todo mundo que sonhei que havia um ataque.
Identifico uma explosão e estou convencida de que a nossa Força Aérea está atacando, que estamos no controle. Levei 2 segundos para entender que a explosão veio dos terroristas que invadiram a cerca da fronteira.
Os terroristas seguem para o próximo destino - em direção ao Kibutz Kissufim. Em nossa direção. Esperei que as câmeras mostrassem a Força Aérea bombardeando-os, mas isso nunca aconteceu. Então a câmera parou de funcionar, e contei com o sistema de detecção não visual. Eles estão aqui.
Abandonamos nossas posições e nos escondemos. Algumas soldadas desmaiam, outras rezam. Descobrimos que um de nossos amigos está no abrigo. Estamos cercados por gritos árabes e oramos forte.
Ouvimos o choro doloroso de um bebê que ainda nem comemorou seu primeiro aniversário. Por que este mundo é tão cruel?
Retrospectivamente, entendo que estávamos sob a supervisão de Deus. Nossa câmera mais importante havia ressuscitado; estava funcionando! Eu ouço: “Prepare-se para um esquadrão em…” e então um UAV (veículo aéreo não tripulado) lança sua bomba.
Estamos relativamente no controle e rastejamos para fora de nossos esconderijos. A sala de operações parece uma cena de crime sangrenta que se vê no noticiário, mas é censurada porque a cena é muito difícil. O chão está coberto de sangue.
Tento manter a calma e manter a compostura enquanto ajudo os feridos. Atendo os telefonemas quando recebemos uma ligação da sala de operações - é Adi! Ela está escondida na área de abrigo e as forças de resgate virão buscá-la em breve. Mais telefonemas chegam de civis em busca de parentes e entes queridos que estavam festejando em Re’im.. (local do Festival Nova)
As comunicações de rádio caíram, então os soldados de combate que estavam conosco na sala de operações foram até o portão principal para avaliar a situação. Eles foram bombardeados e não voltaram.
Restaram sete de nós. Se o reforço não chegar logo, morreremos.
A eletricidade acaba, o gerador também. A porta elétrica da sala de operações abriu-se. Os terroristas andavam livremente pela base e a porta estava aberta.
Começamos a barrar a entrada e apontamos nossas armas para ela, com os dedos no gatilho.Está completamente escuro. Às 22h, reforços começaram a chegar e somos resgatados.
Foram 7 minutos a pé da sala de operações até os ônibus. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, um inchaço na garganta, passando por corpos caídos no chão. Aqueles 7 minutos pareceram uma eternidade.
Estou em casa com o coração partido, pelas minhas irmãs, (soldadas da unidade de vigilância militar) que não conseguiram, por todos os meus amigos que só voltarei a ver em fotografias. Não consigo nem imaginar o que os reféns estão passando.
Não consigo tirar essas imagens da minha cabeça. Eles estão gravados em minha mente para sempre.
Que descansem em paz.
Maya E.