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Testemunhos de sobreviventes

Leia a seguir

Ele disse-me: “Não vá para Be’eri. Há uma infiltração em Be’eri”

Lior T.'s story

Meu corpo doi,Minha alma está ferida,E meu coração está estilhaçado!

Minha estória do terrível dia de 7/10/2023


Vou começar justamente do fim - Fui salvo por uma unidade do nosso exército apenas às 03:50 da manhã do dia seguinte, após hoooooooras no mamad (quarto de segurança).

Estava sem eletricidade desde as 7 horas da manhã, com dezenas de terroristas do lado de fora , que tinham invadido meu kibutz perfeito, Kibutz Reim!

Eles atiraram  em rajadas contínuas, jogaram granadas, incendiaram casas, invadiram, feriram e mataram pessoas de todas as idades! Eles sequestraram um doce rapaz que rezo, de todo o coração, para que volte para nós saudável e inteiro 


Durante aquelas terríveis 21 horas - estava só, em escuridão total, sem um pingo de luz ou ar, sem poder carregar meu celular e com medo de acabar a bateria e não poder mais comunicar com minha família e a equipe médica. A conexão estava ruim, desaparecia por completo e depois voltava, e novamente…


Escutava todos os tiros , tiroteios intensos em rajadas contínuas, tiros em direção à minha casa!!! Escutava os terroristas conversando e gritando em árabe, escutava-os marchando e se escondendo.


Depois de algumas horas, finalmente comecei a escutar hebraico. Compreendi que Tzahal, o nosso exército chegou até nós!

Podemos respirar um pouco melhor, os tiros agora são nas duas direções e os ruídos são de batalhas de tiro.

Estava certo que tudo iria acabar em breve!  Logo as forças especiais chegarão até nós e eliminarão rapidamente todos os terroristas e acabarão com este evento!



Burnt cars in Kibbutz Ra'im

Mas não, realmente não foi assim. As rajadas continuaram, continuaram e continuaram!

Sim, eu escutei  muitos muito muitos tiros, quase a todo segundo!

Durante todo este tempo, atualizo pelo WhatsApp minha família sobre o que acontece ao meu redor, sobre os tiros sem fim em toda a minha região, e também aviso que estou bem 


De tarde, fomos avisados que o exército está passando de casa em casa para limpar a área. Rezo para que cheguem logo até mim também, mas escutei e compreendi que a confusão ainda estava grande.


Lembro à minha família que estou sem eletricidade. Começo a pressioná-los para que atualizem os responsáveis que a recepção do celular  está bem pior,  e que a bateria está acabando. Imploro que venham salvarme. Sinto e sei que sem o celular vou perder minha sanidade e talvez fique até muito pior. Quero muito sair  logo desse pesadelo!


Durante o final da tarde e a noite, assinalam com “V” outras casas, as pessoas comunicam que o exército já esteve na casa deles, e que o evento para eles já teria terminado.

E comigo? Comigo nada disso aconteceu. Ainda escuto tiros o tempo todo!!!! Como se eu e o resto do kibutz estivessem em dois lugares diferentes.


Ao amanhecer, uma unidade do exército bate fortemente na porta gritando: “Tzahal, Tzahal!” Saio ainda temerosa do mamad, reconheço a voz do Harel , o nosso herói, responsável pela segurança do kibutz,chamando ( pelo nome de minha irmã, e eu ainda o corrigindo ). Me aproximo da porta de entrada de nossa casa e tento falar algumas palavras ( o que demorou alguns segundos…) e pergunto temerosamente: “Abrir? Abrir a porta para vocês?”



Destroyed houses

Ao receber uma resposta positiva, continuo andando em direção da porta e começo a girar a chave. Descubro que não consigo! Algo está estragado, toda a fechadura está comprometida e não é possível abrí-la. Eles pedem para andar 2 passos para trás  para que possam arrombá-la. Gritei para esperarem pois irei correndo de volta para o mamad! Eles devem ter entendido o trauma em que me encontrava, e assim, demoraram de 3-5 minutos para abrir a porta de forma delicada…


Então entraram, em fila, 10 soldados aproximadamente - com suas armas à frente, com capacetes e lanternas em suas cabeças. Olharam para mim, olharam ao redor da casa e perguntaram-me  como estou. Pediram para eu pegar algumas coisas pessoais e sair com eles.Perguntaram-me  para onde queria ser levada. Não tinha ideia do que responder!


Perdi o contato com meus pais desde a 1:30 da manhã, e temia ir diretamente a sua casa e talvez ver o pior de tudo! Pedi para me levarem para meu cunhado e as crianças ( sabia que minha irmã não passou o fim de semana no kibutz).


Explicaram-me  que vão me transferir para os cuidados de outra unidade pois eles tinham que continuar com o trabalho… Fizemos um caminho estranho e assim compreendi que haviam cenas difíceis de presenciar, e compreendi que o evento não tinha ainda terminado!! Ainda restavam terroristas dentro de algumas casas na minha região!!!


Meu corpo doi,

Minha alma está ferida,

E meu coração está estilhaçado!


Lior T.


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