Quando chegamos à Nova estávamos tão animados que eu bebi um pouco mais do que deveria. Bem cedo fui dormir um pouco na barraca, para me recuperar. Minha amiga Noam acordou-me por volta das 6 da manhã dizendo "Acorda Alma, tem foguetes caindo sobre sua cabeça". Saí da tenda e vi as interceptações no céu e ouvi os 'booms'. Ao meu redor todas as pessoas do festival estão organizando suas coisas para ir embora e a produção informa que a festa acabou e para todos saírem da área.
"Acorda Alma, tem foguetes caindo sobre sua cabeça".
Eu, Noam, Einav, Gal e Mai fugimos para um carro e Amit, Gal e Anat para o outro. Deixamos todas nossas coisas no festival. Nesse momento ainda achava que era apenas foguetes e discuti com meus amigos que tínhamos tempo de nos organizar Como moro há um ano perto da fronteira de Gaza não me assustei.
Entramos no carro e ficamos presas num engarrafamento na saída do estacionamento e ao nosso redor todos em pânico. Noam começou a ficar nervosa e cogitamos sair do carro e correr, eu tentei acalmar ela, certa de que estava tudo bem.
De repente pessoas começam a gritar que estavam atirando em seus carros e que haviam feridos. Vi um carro baleado e ouvi ao meu redor barulho de tiros. Não vi os feridos que estavam ao meu lado. Não vi os terroristas que nos cercaram. Mas eles nos cercaram por todos os lados, e era impossível sair de lá, com vida, num carro.
Pulamos para fora do carro, o deixamos lá com a chave e tudo e começamos a correr na direção leste. Vi poucos policiais, haviam feridos e eles não sabiam para onde nos direcionar. Era um caos total. Enquanto os tiros vinham da direção da festa saímos da estrada em direção ao campo, eu, Einav, Gal, Noam e Mai. Einav entrou em pânico sai correndo e eu a perdi de vista. Depois perdi-me também do resto das jovens e continuei correndo sozinha, escutando os tiros atrás de mim e ainda não entendendo que eu estou em uma zona de guerra
De repente escutamos tiros vindo da direção em frente, e mais próximos. Alguém gritou que viu dois terroristas vindo em nossa direção e atirando. Comecei a correr de volta e na direção sul. As pessoas corriam em todas as direções. Corri sem olhar para trás, os tiros soavam muito próximos. Voltei à estrada e escondi -me atrás dos carros.
Um grupo de pessoas que eu não conhecia, e que também não se conheciam entre si, esconderam-se atrás de um carro e perceberam que ele estava ligado e então entraram no carro. Entre eles, Avi, que sentou no banco da frente e gritou para mim para se juntar a eles no carro, apesar de não haver lugar. Entrei no carro e sentei no seu colo.
Adi dirigiu como um louco, entre tiros e mísseis e o pânico de todos no carro. Terroristas em motos massacravam as pessoas. A polícia não atendia o telefone e seguimos sem saber em qual direção estaríamos seguros. Passamos do lado de um comandante do exército (que a princípio pensamos ser um terrorista) que estava sozinho e nos explicou como chegar a Netivot.
Passando por campos e atalhos chegamos a Netivot e famílias viram-nos chegando de suas varandas e convidaram para entrar em suas casas. No início ficamos na casa de uma família ortodoxa. Depois fomos para a casa de Ofra, que nos recebeu como se fossemos seus filhos. Fomos da varanda, vendo o campo do qual fugimos, pegando fogo e tomado pelo barulho de tiros, e fomos para o quarto seguro.
Ficamos lá até a noite, eu Chen e Avi, até um amigo da minha mãe nos levar até Tel Aviv. Ouvindo sirenes e intercepções de foguetes sobre nossas cabeças, chegamos em paz. Amit, Gal, Anat, Noam, Mai, Einav, Eitel e Gal foram resgatadas de Patish. Graças a Deus chegamos na festa um grupo de 9 pessoas bonitas e voltamos para a casa ainda um grupo de 9 pessoas bonitas. Graças a Deus Avi que gritou para que entrasse no carro. Graças a Deus eu estou aqui hoje. Nós continuaremos celebrando, em honra aos que não estão mais aqui.
Alma C.