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Testemunhos de sobreviventes

Leia a seguir

Onde quer que houvesse tiroteio, corríamos na direção oposta

Yuval S.'s story

Levei um tiro. Abracei totalmente a morte

Já se passaram 120 horas desde que renasci. O momento em que minha vida terminou e me foi devolvida…

Depois de tantos pensamentos, choros, pesadelos e sofrimento, resolvi contar. Para contar, para dar ao mundo uma ideia do que foi o dia mais negro que alguma vez vivi - que vivemos e [continuamos] a viver.


Saímos da minha casa em Rehovot ruma a uma rave. O Tamir L. e o Ron W. tinham vindo a minha casa fazer xixi (urinar) e descarregar do carro a cana de pesca. Com tudo isto, tínhamos pela frente uma viagem de 50 minutos à 01:00 da noite. Não era algo propriamente fácil.

01:55 - Virar à esquerda na placa “Reim” em direção a um terreno vasto, dezenas de carros, milhares de pessoas. Passamos por um controlo de segurança apertado e seguimos em direção a uma barraca dos membros dali com mais outras 20 pessoas. Vamos ao banheiro antes de dançar. Aí encontro o meu amigo, Matan Z. O quanto rimos-nos. Eu adoro esse cara. Longos minutos de diversão. Tiramos fotos, dançamos juntos. Ele é de Dimona, passámos a maior parte do serviço militar juntos e isto é uma oportunidade única de nos vermos. Rimos sobre como, com a nossa sorte, haverão rockets.

Volto para a sessão.


"Milhares de pessoas estão correndo por toda parte. Pânico real. Um forte estrondo soa perto de nós"

O Ron, o Tamir e eu estamos extremamente excitados. Apesar de estar bastante lotado, está sendo muito bom [a rave]. Dançamos, sentamos-nos, dançamos e voltamos a sentar-nos.

São 06:10. O Ron decide ficar no exterior para dançar. É a sua primeira rave ao ar livre e desde que lhe dei os meus protetores de ouvido, parece que ele está divertindo-se bastante. Consigo entendê-lo.


O Tamir e eu sentamos-nos. Estamos esperando pelas 06:30, pelo DJ set do nascer do sol, assim como todo mundo - acho eu. Conversamos, rimos. O Tamir é o meu melhor amigo e cada momento que passo com ele é uma pura alegria.


06:30. Vemos holofotes no céu. Mais cinco, mais dez. Ligo o meu telefone - sirenes no centro. Isso é uma droga. A festa terminou.


Deitamos-nos no chão. A música pára e o DJ diz: “Há sirenes! Alerta! Código vermelho! Deitem-se no chão!”. O Ron deita-se longe de nós e eu e o Tamir não entendemos o que está acontecendo. Milhares de pessoas estão correndo por todos os lados. Pânico real. Um forte estrondo soa perto de nós. Mais outro estrondo e depois outro.


Um policial chega ao microfone e diz: “Queridos amigos, vocês só têm 15 segundos! Corram o mais rápido que puderem e saiam daqui!”.


Algumas pessoas ao nosso lado estão se perguntando: será fugir uma medida adequada? Em toda a nossa vida sempre nos foi ensinado que em momentos como esse deveríamos ficar quietos e não correr. Os policiais insistem.

O Ron corre na nossa direção. Eu coloco um moletom (sweatshirt), o Tamir, o seu chapéu, e o Ron, a sua camisa. Dobramos tudo o mais rápido possível.


Junto a nós encontra-se um grupo de pessoas. Estão todos ansiosos. Alguns estão gritando. Todos nós informamos as nossas famílias de que estamos bem, embora os sons de estrondo sejam constantes, os lançamentos de mísseis estejam próximos e as sirenes também. Começamos a correr em direção ao carro. Nenhum de nós imagina minimamente o pesadelo despoletado naquele momento - para o resto da vida…

A caminho do carro, a situação é bastante caótica. As pessoas correm em direção a carros que não são o delas, os carros dão ré nas pessoas, as pessoas choram. Rapidamente chegamos ao nosso carro. Carregamos o porta-malas. O Ron pede-me para que me sente no banco da frente. Ele senta-se no de trás. Começamos conduzindo. Estamos numa fila enorme de carros e ainda não estamos nem perto da trilha de acesso.


“O carro está subindo e descendo colinas e estamos na estrada, a estrada da morte (...)”


Dois minutos. Sem qualquer avanço. De repente, vejo um caminho de escape entre os carros na última faixa de estacionamento. Digo ao Tamir para conduzir por aí. Ele fica um pouco hesitante porque pode danificar o carro. Eu compreendo-o. Afinal de contas trata-se de um Nissan que está aguentando desde 2009. Decidimos seguir em frente. O carro vai ressaltando entre as colinas e estamos na estrada, a estrada da morte, a estrada do assassínio, a Estrada 232. Dois carros da polícia estão bloqueando a estrada na direção ao Norte. Ficamos loucos. “Por quê? Como? A maioria das pessoas vai para o Norte! Perguntamos e eles gritam para que comecemos a conduzir na direção oposta imediatamente.

06:49 - Estamos em direção ao Sul. O Tamir grita “Precisamos de chamar a polícia!”. Mas eles não atendem. Afinal, o que quer isso dizer? Eles são a polícia. Ninguém atende o telefone. De novo e de novo. Estamos conduzindo rumo ao Sul.


O Kfir, que agora está na Tailândia, continua mandando-me mensagens, dizendo que estamos cometendo um erro e que precisamos de parar num abrigo antiaéreo. Concordo. Foi isso que fomos ensinados a fazer, cada um de nós. Quando os rockets estão sobrevoando sem parar e aterram não longe de você, e as sirenes estão tocando a qualquer instante - paramos, esperamos, não viajamos.


Mas algo de instintivo impediu-me. Impediu-me de parar.

Por cada migunit (um tipo abrigo feito de cimento sem portas) por onde passamos, eu digo ao Tamir para parar, mas ele continua. Depois disso ele pergunta-me se deveria parar e eu digo-lhe para seguir em frente. Passámos por dezenas de abrigos na beira da estrada enquanto acelerávamos.


O Ron liga para o seu amigo, o Johnny, e diz-lhe que não consegue acreditar que é assim que a sua primeira rave num espaço ao ar livre terminará, o quanto ele adorou-a e como isso é uma loucura.


Estou de olho no Waze e vejo que estamos indo a 120 km/h, em direção ao Sul, a anos-luz de distância de Rehovot e seguindo na direção oposta há 10 minutos. O Waze continua dizendo para apenas virar, mas não há outra opção. Eu olho para trás - a estrada está vazia. À frente está vazio. Ninguém está seguindo-nos. Que estranho. Estavam na rave milhares de pessoas. Para onde correram? Isto deve significar que abriram a estrada para o Norte. Eu sabia que deveríamos ter esperado. Digo isso ao Tamir e ao Ron e eles concordam. Entramos num dos kibutzim, viramos e começamos a conduzir em direção a Norte. Viajamos sem parar.


Depois de cinco minutos, um Toyota Corolla policial branco passa. Relaxei e informei a minha irmã, os meus amigos e o meu parceiro de que estávamos bem e íamos para casa.


“Abro a minha janela, vejo um rosto aterrorizado e ele grita: Há terroristas a virem na vossa direção!!! Terroristas!!! Voltem para trás!!!”


De repente, o carro da polícia diminui a velocidade. 120 km/h, depois 90, 60, 30... O Tamir fica bravo. Temos de sair dali. Os disparos de rockets não estão cessando e eu também estou começando a sentir-me irrequieto novamente. Todos nós estamos hesitantes no carro. Buzinamos duas vezes e começamos a desviar-nos cruzar para a faixa oposta e ultrapassá-los. De repente, o policial bate agressivamente na porta, estende a mão para fora da janela e bate novamente na porta do seu carro. Paramos ao lado dele, abro minha janela, vejo um rosto aterrorizado e ele grita: “Há terroristas a virem na vossa direção!!! Terroristas!!! Voltem para trás!!!” Eu disse: O quê?". Ele gritou com toda a força de seus pulmões novamente: “Terroristas!!!”

O Tamir reverte rapidamente. Eu olho para a direita. Três motociclistas armados estão vindo na nossa direção a algumas centenas de metros de distância. Conduzimos rumo ao Sul novamente. Estou tremendo, apavorado. O Ron, lá atrás, não entende o que está acontecendo. O Tamir e eu estamos de mãos dadas. Vou ligar para a polícia novamente. 07:05. Nenhuma resposta. Já não conseguimos ver o policial atrás de nós. Parece que nos afastamos deles. Talvez tenhamos sobrevivido?


Dois minutos depois, enquanto conduzíamos, com as mãos ainda entrelaçadas, O Tamir avista algumas pessoas à distância. Não percebemos bem. Ele pergunta: “Isso são terroristas?”. Eu digo que não faço ideia e ele grita: “Terroristas!”. De repente a vida parou. Do lado oposto da estrada vieram oito motociclistas, dois quadriciclos e uma camionete com uma submetralhadora. Baixamos a cabeça e eles disparam contra o nosso carro a uma distância de 50 metros. Estou com a cabeça abaixada e abraço a morte completamente. Apenas um segundo depois, o Ron diz-nos - da forma mais dolora: “Estou morrendo! Morri mano!”. Jamais esquecerei isso. O Tamir e eu ainda estamos de cabeça abaixada. O Tamir está olhando para ele. Eles disparam centenas de balas contra o carro. Centenas. Metal tilintando, vidros quebrando-se, todas as janelas estilhaçando-se, balas atingindo o estofamento acima da minha cabeça. Parecia uma eternidade, os segundos antes da morte.


De repente, olhamos para cima e a estrada está livre. Não há espelhos para verificar os terroristas atrás de nós. Grito para o Tamir arrancar. O Ron geme de dor. E então surge a má notícia. O Tamir diz que o carro não está funcionando. Eu pergunto-lhe: “O que é que isso significa?” e ele diz: “Sem freios, sem pedal do acelerador, sem volante. Nada.” Abracei então a morte pela segunda vez. Ele estaciona o carro e puxa o freio de mão. Deslizamos e rastejamos até chegar à beira [da estrada].


E então surge aquele momento terrível. Sair do carro para este campo de batalha, esta estrada da morte. Eu nunca esquecerei aquele momento. Eu olho pela janela traseira. O Ron está morto. Ele está sangrando até à morte sem ajuda possível. Nós despertamos o cinto. Saímos do carro por ambos os lados. O esquadrão terrorista está voltando na nossa direção vindo do Norte. Desta vez são seis motocicletas e uma camionete com uma submetralhadora. Nós vemo-los vindo em nossa direção, disparando contra os outros carros na estrada, as pessoas gritando e embatendo os carros. Da direção Sul, mais cinco motocicletas estão vindo na nossa direção rapidamente. Olhamos para os campos: dois terroristas ainda disparam contra o carro.


Assim foi. Debaixo de fogo. Durante o meu serviço nas FDI estive numa unidade de recolha de informações de combate - nunca no campo de batalha.


O Tamir e eu estamos na estrada - e o fogo recomeça. Disparando contra nós de todas as direções. Dezenas de balas assobiavam de todas as direções. Todas as direções. Todas as direções. Começamos a correr em direção aos campos, como patos num campo de tiro. Um minuto correndo por entre o fogo sem fim.

Eu abracei totalmente a morte. A vida passa diante dos meus olhos. Para ser honesto, não é um clichê. É a verdade e esta é a vida.


“Um terrorista aproxima-se. Está parado a 20 metros de mim, olhando-me diretamente”


O Tamir grita-me e eu a ele. Ele corre mais rápido do que eu. Percebo que se cair agora, eles vão alcançar-me. Eles estão vindo atrás de mim de todas as direções. Caí no chão, fingindo-me de morto. O Tamir grita com tudo que tem na minha direção e vê-me cair. Vejo os terroristas a avançarem na sua direção, atirando em sua direção. Ele desaparece. Pelo que sei, ele está morto. Eu finjo que estou morto. E o Tamir foi-se. Estou sozinho. O Tamir e o Ron não estão comigo e estou sozinho no mundo. Sozinho.


Um terrorista aproxima-se. Está parado a 20 metros de mim, olhando-me diretamente e com a ajuda da força divina - e apenas da força divina - ele não dispara contra mim para certificar-se de que estou morto. Carago! Ele não dispara contra mim e volta para a estrada.


Eu olho para a estrada. Cada vez mais motocicletas, cada vez mais tiros, gritos em altos decibéis. Estou deitado no chão como se estivesse morto. Alguns minutos depois, pego no meu telefone e vou enviando uma mensagem sempre que possível, sempre que pudesse. Enviei a minha localização e rezei. Choro. Nossa, como chorei. Estão todos mortos e eu estou vivo.


E então chega a terceira vez, a terceira vez em que morro. Sinto uma dor muito aguda nas minhas costas, uma dor brutal. Então verifico e tiro o meu moletom. Um moletom rosa. Não mais, parece-me. Está todo ensanguentado. Todo ele, todo ele, todo ele. Tiro a camisa - tem 2 buracos no meio das costas e a camisa está cheia de sangue. Achei que era o fim e, desta vez, de verdade. Pousei a minha cabeça no chão. Provavelmente não é por nada que rezamos em momentos como este. Você está oco, vazio de tudo.


Espero mais alguns minutos e levanto-me, respirando pesadamente, e ligo à Noa, a minha parceira. Ligo-lhe para termos a conversa mais dolorosa do mundo. Vocês seguramente já viram isso na televisão. Imaginem portanto exactamente o mesmo. Ela está lutando para que eu viva e eu respiro pesadamente e sinto que isto é o fim.


Chego a uma estrada interna, passo pelas estufas, tiro o moletom ensanguentado e ligo à minha irmã para avisar. Os nossos pais estão no exterior e ela é tudo que ainda tenho aqui.


Os meus amigos estão gritando, mandando mensagens e dizendo como vamos superar isto juntos. Eu não acreditei neles, mas queria muito.


Passa um carro. O motorista abre a janela e eu grito: “Por favor, ajude! Vou morrer! Preciso que tire-me daqui.”. Ele segue em frente. Deve pensar que sou um terrorista. Eu continuo gritando e ele volta. Ele sai do carro, saca a arma e aponta à minha cabeça. "Qual é o seu nome?", pergunta ele. “Yuval de Rehovot”, respondo-lhe. Caminho na sua direção, implorando. Ele aponta de perto à minha cabeça e ajuda-me a entrar no seu carro.


É uma viagem de nove segundos, precisamente. Páro em mais um migunit. Entro mancando. Estão lá eu e um trabalhador estrangeiro. Um sujeito de 50 anos corre na nossa direção, todo ensanguentado, gritando que toda a família foi baleada e que estão mortos. Estou dividido por dentro, percebendo como as coisas estão ruins. Chegámos ao fim.


Eu abraço-o e peço-lhe que olhe para as minhas costas. Duas perfurações com fragmentos largos. Uma maior, resultante de uma bala, e outra menor, de um caco de vidro. Provavelmente não estou fazendo a coisa acertada nesta situação, mas não sabia ainda o que pensar neste momento. Ele puxa os dois e aplica pressão nas feridas com a camisa ensanguentada. A dor faz-me gritar. Mas é a dor? Não sei…

Ficamos lá por 35 minutos, observando mais terroristas disparando de longe. Quase sem respirar.


O sangramento pára.


Sem soldados, sem ambulância, sem polícia…


E então ele chega, o Erez G. O meu querido amigo, Yogev, enviou-o para resgatar-me e levar-me para a sua casa em Yesha. Chego lá e escondo-me com eles no abrigo. E grito, grito e grito.


Às 08h30 estou em casa deles. Durante duas horas andei a correr debaixo de fogo no campo de batalha. Centenas de tiros, submetralhadoras, metralhadoras, assassinos.


Entretanto, o Tamir liga e apercebo-me de que afinal está vivo. Julgo que foi apenas nesse momento que realmente mentalizei-me de que eu estava vivo de verdade. Dissemos um ao outro que ambos estamos vivos. Aparentemente, ele tomou um caminho totalmente diferente, mas acabou a apenas 200 metros de mim. Recuperei o meu amigo, o meu herói. Ambos choramos bastante pelo Ron, que foi morto ao nosso lado, atrás de nós, no carro.


Foi assim que decorreram as minhas 24 horas seguintes ali. Gritos, choro interminável, terroristas no yishuv (assentamento), rockets…Dores tremendas no corpo, mas provavelmente insignificantes em comparação com a dor mental e o medo. Não há forma de descrever essas 24 horas que duraram mais do que uma eternidade. Tentámos escapar de todas as maneiras, mas sem sorte nenhuma.


Somente após um dia inteiro de esforços por parte da minha irmã, da minha parceira e de todos os meus amigos e parentes é que conseguimos sair dali.

Um carro privado levou-nos até ao local onde estava o meu tio e daí seguimos para o hospital Assaf HaRofeh.


Eu pensei que isto havia terminado. E então chega [a notícia]. O Matan Z., o meu amigo do exército, foi morto. A tragédia não tem fim. O coração está dilacerado. Tudo o que vivemos juntos, todas as conversas que tivemos, todos aqueles momentos juntos. Meu querido amigo…Ontem sentei-me com nossos amigos da unidade militar e juntos cantamos canções de amor em sua homenagem. Canções de saudade. Tenho a certeza de que o seu doce sorriso permanecerá para sempre diante dos meus olhos. Dançando com você naquela noite. Esses foram os nossos últimos momentos de felicidade juntos, meu irmão. O que mais posso dizer irmão? Que mais?


Estou no mesmo estado de espírito desde então. Choro, durmo um pouco e, principalmente, reflito. Como é que sobrevivi? Porquê eu? Como é que consegui escapar vivo perante centenas de tiros disparados contra mim? Como é que era o campo de batalha onde eu estava, no qual dezenas de terroristas apontaram-me armas de diferentes direções? Como era real aquele campo de batalha? É aqui que termino de escrever e continuo refletindo.


Estou sentado aqui, com dezenas de sobreviventes, no espaço de tratamento em Beit Yitzhak. O lugar mais seguro que existe. Falo, respiro, aprecio ​​cada momento que vivo. E eu estou vivo. Estou vivo.


Aos dez anos de idade, durante um pesadelo que tive, julguei que estava morrendo num acidente que havia sofrido e para libertar-me disso, gritei: “Estou vivo!”. Ora, aqui estou eu gritando de novo. Posso viver e quero viver. Foi neste momento que renasci. Nasci em 7.7.2000. Renasci em 7.10.2023.


Como é que prosseguimos a partir daqui? O que é que escolhemos?

Na realidade, sinto que sei. Quero viver para as pessoas. Viver para o mundo, não para mim. Viver para o mundo, como tenho feito até agora. Focar-me na minha ONG, Djesta (Tributo), o lugar que fundei para o mundo e dar cada vez mais.


Uma coisa é certa: não me sinto um herói. Sinto-me como um sobrevivente. E nós sobrevivemos. Mas sem o Roni. O nosso querido Ron W. não sobreviveu. O homem com o sorriso, o carisma. Amor à primeira vista. O seu funeral foi o momento mais espiritual de sempre. Realmente espiritual. Acompanhando o caixão no Kibutz Ein HaShofet, chorando no ombro do Tamir. Pensamentos sobre você, pensamentos sobre como tudo poderia ser diferente.


Matan e Ron, viverei por vocês. A vida inteira.


Tamir, você é a minha alma gémea. Eu sei que você não sabe que escrevi isso, mas você é tudo para mim.


De repente você percebe como tudo é insignificante. A única coisa que conta são as pessoas, o amor, a união. Sempre acreditei nisso, mas agora acredito mais do que nunca.


Agradeço à minha namorada, que esteve sempre disponível para mim e passou por tudo comigo.


À minha incrível irmã, que mostrou-me a luz na escuridão da morte.


Ao meu melhor amigo, que salvou a minha vida.


A todos que estiveram comigo, agradeço seriamente. Devo uma vida a tantas pessoas e só tenho uma vida. Espero que tenham compreendido.

Tamir, gosto tanto, tanto de você. Você é tudo para mim. Provavelmente juntos para sempre. Você é o meu herói e eu sou seu. Infelizmente, ninguém nos ajudou, nem a polícia, nem o MDA (serviços de emergência), nem o hospital. Mas você e eu fazemos frente ao mundo. Com as pessoas incríveis que nos rodeiam. Você é toda a minha vida. Obrigado por estar vivo. Estou passando por isso com você. E choro e sinto a dor com você.


Yuval S.


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