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Testemunhos de sobreviventes

Leia a seguir

8:10 Este é o horário da sua última resposta,e às 8:17 a última vez que aparece no WhatsApp

Adir D.'s story

Entramos no carro e viajamos em direção ao desconhecido rezando para estarmos na direção certa

Nossa estória:

Quem nos conhece sabe o quanto a cena  trance  para nós.. Quem me conhece sabe o que a música significa para mim. É o nosso porto seguro. O nosso lugar livre.   

O local onde somos a melhor versão de nós mesmos.

A tribo do pessoal do festival Nova é a nossa casa, nossos amigos, nosso público, e que público!.Jovens lindos, bem educados, cheios de vida e amor. Trance não é apenas música, é um modo de vida!

Compramos os ingressos  para o festival há alguns meses, assim, claro que estávamos lá junto com toda a nossa família

E curtimos muito!


Adir D with his friends at nova festival

Até que o pesadelo começou… Vou voltar atrás um pouco:

Acordo do sono  à meia noite pois combinamos com nossos amigos que iríamos viajar juntos. Queríamos chegar cedo e aproveitar tudo. Acordei desse cochilo muito nervoso e inquieto, não sabia o porquê! Afinal  estou indo  para o local que mais gosto junto com todos meus amigos, minha família e minha esposa para encontrar todos nossos amigos e conhecidos. Chegamos na festa, mais ou menos,  às 2:30 da manhã, e ainda estava mau-humorado . Mas, mudei-o  quando vi todos  nossos amigos, aí a  energia mudou, a festa estava incrível  e o nervosismo se transformou em felicidade. Ao amanhecer estávamos na recinto  central, minha esposa  mostra-me no celular a hora: 5:55..Olhamos uma na outra e sorrimos, e disse-lhe : “Chamsa, chamsa, chamsa” (mão de fatma para afastar mau olhado)


Às 6:30 o caos começa…

Sirenes, foguetes, todos fugindo. Não posso dizer que não era estressante, mas, isso foi nada perto do que nos esperava quando tentamos sair com o carro.

Chegamos ao caminho de saída. À direita é Gaza e à esquerda é a direção de casa. Havia um enorme congestionamento à esquerda, e durante todo o tempo escutávamos  os alarmes da Tzeva Adom e os ruídos dos foguetes que desconhecemos no nosso dia a dia no centro do país. A situação piorou quando começamos a escutar ruídos de tiros e os gritos dos guardas correndo em nossa direção: “Terroristas!!!” Neste momento, todos abandonaram seus carros e começaram a correr em direção leste. Em nosso carro estavam os  amigos que vieram conosco: Os irmãos Segev, Dan e Ron. Eu e minha esposa fugimos para a esquerda , Dan e Ron fugiram para a direita.Deixei o telefone no carro (minha esposa pegou o dela), e assim , nos separamos de nossos amigos.


Durante 3 horas corremos por nossas vidas. Os tiros não paravam e estavam se aproximando de nós.

Com o passar do tempo, compreendemos que não teríamos ajuda, e que ninguém iria  salvar-nos ! Não vimos nenhum soldado na região!

Os heróicos guardas que nos defenderam com seus corpos, já não estavam vivos.

Caso não fugissemos, ninguém viria nos ajudar.


Ron e eu nos comunicamos o tempo todo tentando  encontrar-nos , mas sem sucesso. Depois de duas horas fugindo e se escondendo, sob fogo, Ron liga e diz que encontraram um carro e que vinham nos buscar! Tentamos explicar onde estávamos. Mandamos nossa localização, mas sem sucesso. Pareciam que estavam próximos, mas não estávamos em uma estrada, mas em um wadi ( uma vala  ) junto com outras centenas de pessoas que também tentavam fugir.

Todo o tempo Dan e Ron continuavam a nos ligar e tentar nos localizar, não desistiram de nós! 

Depois de mais duas horas, conseguimos voltar em direção da estrada sem que fossemos mortos, e finalmente  encontraram-nos .


Além dos nossos amigos, pelo menos outras 8 pessoas estavam no carro, um amontoado sobre o outro como sardinhas. Pessoas que não conheciam e que pediram por ajuda!

Entramos no carro e viajamos em direção ao desconhecido rezando para estarmos na direção certa. 

Procuramos no mapa alguma colônia judaica, e encontramos Beeri que estava muito próxima… Ao chegar, vemos que o portão estava aberto..Estranho…


Minha esposa pede para pararmos!

Pede para voltarmos  pois algo lhe parece estranho, vemos algumas faces suspeitas (depois soubemos que o kibutz já tinha sido tomado pelos terroristas do Hamas). 

Demos meia volta e fugimos rapidamente de lá. Não paramos de viajar até que chegamos ao Hospital Soroka ( em Beer Sheva ). Então, compreendemos que tínhamos conseguido escapar vivos.


Esta é uma estória sobre amizade. Sobre meus amigos que não desistiram de nós e que colocaram suas vidas em perigo para que pudessem nos resgatar, pois exatamente por isso nosso estado foi criado. Sobre confiança mútua e unidade. Somos eternamente gratos que nós e nossos parentes sobrevivemos   Obrigado a nosso Pai que nos protegeu, foi uma providência divina.


Nossos corpos estão em ordem, mas nossas almas estão feridas. Nossos corações estilhaçados Nossos pensamentos estão com os civis, amigos e soldados que foram assassinados a sangue frio ou foram sequestrados, meninos, meninas e bebês! Famílias inteiras que foram dizimadas  Amigos, colegas e famílias que ainda estão prisioneiros ou desaparecidos. Nossos corações estão com vocês.


O sentimento de humilhação e abandono é doloroso, maior mesmo que o sofrido neste dia. Para o inimigo não interessa quem é de direita ou de esquerda. Alguém nos céus quis que nos uníssemos”Por que quando o leão ruge, todos temem” .


Chegou a hora do leão rugir! Porque pior do que ocorreu em 7/10/2023 não existiu e nem pode existir. 


Apenas o amor vencerá, O povo de Israel vive -  “Am Israel Chai”


Adir D.

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