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Testemunhos de sobreviventes

Leia a seguir

Tinha certeza que se saísse do abrigo, me depararia em território ocupado pelo Hamas

Ido S.'s story

Eles conseguiram levar-me a arma. Tentaram atirar em mim, mas não conseguiram (não sei o porquê)

Ao redor das 7 da manhã fomos colocados em ação ( código Chuva Roxa ), entramos nos tanques e escutamos pela rede de comunicação que muitos terroristas aproximavam-se da cerca da fronteira.O nosso tanque viajou junto com o tanque do comandante da unidade. O meu comandante assumiu a posição de tiro 106 e nós fomos em direção a cerca para a posição de tiro 91.

Na cerca encontramos cerca de 10-15 terroristas que eliminamos com morteiros sendo que um foi atropelado.



Depois de eliminá-los, começaram a chegar dezenas de terroristas ao nosso território. Dispararam um foguete contra tanque em nossa direção,o comandante do meu tanque, Shai Levinson voou do tanque e provavelmente morreu, meu soldado encarregado do canhão, Ariel Eliahu permaneceu no tanque, mas neste momento pareceu estar morto. Ofir Tasta, o soldado encarregado da munição, também voou do tanque e pareceu-me que estava morto, enquanto o tanque pegava fogo em sua traseira.


"Na cerca encontramos cerca de 10-15 terroristas que eliminamos com morteiros sendo que um foi atropelado."

O tanque foi tomado pela fumaça, abri a porta do motorista e fugi com o tanque ao mesmo tempo que continuavam a atirar no meu tanque ,sem parar, foguetes contra tanques.


Comecei a viajar em direção a Israel. Parei no caminho para verificar se o encarregado do canhão ainda estava vivo. Quando parei o meu encarregado da munição, Ofir Tasta, gritou para mim “Confia”, assim entendi que estava vivo. Sai rapidamente do espaço do motorista e o vi deitado sobre a torre do tanque com muitas queimaduras dos pés a cabeça, e sofrendo de um choque de batalha emocional. Disse para ele entrar no tanque e verifiquei que o encarregado do canhão, Ariel Eliahu, tinha uma pulsação muito fraca e também respirava de forma fraca. Então decidi retirá-lo do tanque enquanto o encarregado da munição, Ofir Tasta, estava sobre a torre. Verifiquei que quando o puxava para dentro, também removia de seu corpo a sua pele queimada.


"Entrei rapidamente para o espaço do motorista e o atropelei. O veículo fugiu. O segundo terrorista atirou em nós, mas não nos atingiu."

Ofir Tasta que estava sobre a torre percebeu a aproximação de um veículo de nosso exército. Fiz sinal para que ele parasse para que pudesse nos ajudar, ele parou ao nosso lado e de dentro saíram 2 terroristas. Ofir Tasta pulou de volta para o tanque e gritou que eram terroristas. Entrei rapidamente para o espaço do motorista e o atropelei. O veículo fugiu. O segundo terrorista atirou em nós, mas não nos atingiu.


Depois de bastante tempo chegamos nas proximidades do kibutz Reim, onde aconteceu o evento chamado “Nova”. Vimos lá uma troca de tiros entre os terroristas e policiais, nos pareceu que os terroristas estavam ganhando a batalha. Encobrimos os terroristas com meu tanque para proteger os policiais. O meu encarregado da munição, Ofir Tasta, que estava em choque saiu do tanque sem sua arma e andou em direção aos policiais.


Depois de alguns minutos, vi que os terroristas cercavam o tanque com grande auto confiança, assim entendi que os guardas estavam mortos, bem como Ofir ( não tenho certeza, mas não vi nenhum soldado ou policial vivo nesta hora).


Vi que uns 5-10 terroristas subiram no tanque. Estava preparado com minha metralhadora M16 apontada na direção da saída do comandante que era a única aberta. Vi um terrorista entrando no tanque e descobrindo que havia um soldado vivo lá dentro. Ele assustou-se e atirou em mim com sua arma. Em resposta, atirei nele e o eliminei.


De seguida entrei rapidamente no espaço do motorista ao mesmo tempo que me jogaram algumas granadas para dentro do tanque, algumas explodiram e outras não. Para minha sorte consegui entrar neste espaço, senti a pressão e os sons da explosão, contudo não fui ferido.


Saí deste lugar e no caminho atropelei alguns terroristas, fiz uma grande confusão com o tanque para jogá-los de cima e atropelei alguns carros abandonados. Continuei a me afastar até que o tanque não conseguia mais se mexer e toda a parte traseira estava pegando fogo. O tanque parou.


Verifiquei novamente os batimentos do responsável pelo canhão, Ariel Eliahu, mas desta vez não tinha mais batimentos nem respirava mais. Sai do tanque e entendi que não tinha outra opção além de abandonar o tanque em chamas, com terroristas me seguindo.


Sai com o capacete, colete a prova de balas e arma. Encontrei 3 civis israelenses, sendo que um deles levou um tiro no peito e que aparentemente já estava morto. Outro recebeu um tiro nas nádegas e o terceiro escapou ileso. Eles estão bastante estressados. Entrei junto com eles no seu carro e saímos de lá, sendo eu o motorista ( pelo que me lembro seus nomes eram Tzuri e Aviad). Viajamos por alguns minutos até que percebemos que estávamos cercados. Neste momento, troquei de lugar com Tzuri. Ele continuou a dirigir pois eu tinha uma arma e poderia usá-la em caso de necessidade.


"Consegui afastá-los com todas minhas forças, mas eles conseguiram levar-me a arma. Tentaram atirar em mim, mas não conseguiram ( não sei o porquê)."

Paramos em algum momento no meio da floresta e escondemos parcialmente debaixo do carro.. Depois de uns 40 minutos, aproximadamente, ouvimos muitos gritos de árabes e muitos tiros.Fingimos de mortos, quando uns 5 terroristas desarmados avançaram em minha direção. Pensando que estava morto, tentaram pegar na minha arma. Atirei, e eliminei o terrorista que tentou arrancar-me a arma. Lutei contra eles,enquanto me batiam com pedras na cabeça. Quebram meu queixo, o osso do globo ocular, o osso da face, meu nariz e muitos dentes.Cortaram-me com uma faca, e, devido ao fato de estar com o capacete, não conseguiram matar, apenas me feriram gravemente. Consegui afastá-los com todas minhas forças, mas eles conseguiram levar-me a arma. Tentaram atirar em mim, mas não conseguiram ( não sei o porquê).


Fugi durante vários minutos até que cheguei a um arbusto onde um homem e uma mulher estavam escondidos (Batsheva de Osher e Ilai Malka). Mesmo estando ferido, escondi-me com eles durante 6 horas.Nesse tempo, terroristas passaram ao lado do arbusto e por sorte não olharam para o nosso lado e assim não fomos vistos. Durante essas 6 horas a hemorragia da minha face continuou. Eles ajudaram-me muito e também na identificação quando vieram nos salvar. Devo-lhes imenso o ter sobrevivido.


Quando estava sendo tratado no hospital Soroka, um civil ferido levemente por estilhaços, perguntou-me se eu era o tanquista que conseguiu distrair os terroristas e devido a ele centenas de pessoas que estavam na festa foram salvos.



Ido.S.

Motorista do tanque B2 Reino do Hermon do batalhão 77



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