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Testemunhos de sobreviventes

Leia a seguir

Amigos morreram em frente aos nossos olhos, em nossas mãos

Michal R.'s story

Deito as crianças no chão e ponho sobre eles coletes à prova de balas

Sábado, 7/10/2023 , 6:32 manhã

Sirenes de emergência disparam


Acordamos corremos para o mamad ( abrigo de emergência) pegamos o Noam e Itamar e fechamos rapidamente a janela de ferro.


Rapidamente compreendemos que está acontecendo algo diferente devido a quantidade de alarmes que soam, intensos, mais frequentes, em distâncias maiores, tiros sem interrupção.


Disse para as crianças se vestirem de imediato, colocarem os sapatos fechados e estarem prontos para correr para o carro se houver uma interrupção e nós saíremos imediatamente daqui (ingenuidade minha).


Deixo as crianças no mamad e saio rapidamente para juntar roupas em uma bolsa.

Li já está com roupas de soldado e armado na parte dianteira da casa.Esperamos tentar entender o que causou este ataque.Nas notícias (do rádio) não ouvimos nada.


"Ele entra no mamad fecha a porta e diz-me:Matei um terrorista que tentou entrar pela janela"

8:10 saio para o nosso quarto para pegar roupas para mim e para o Li e de repente escutamos uma rajada de tiros de armas leves de muito perto

Olhamos um para o outro

De repente entre os tiros escutamos gritos em árabe

Novamente olhamos um para o outro

Entendemos perfeitamente, eles (terroristas) estão aqui,

Não lá além dos obstáculos(cercas)

Aqui no caminho para minha casa.

Corro para o mamad e fecho-me com as crianças

Deito as crianças no chão e ponho sobre eles coletes a prova de balas dou para o Yovel um tubo de gás lacrimogêneo e uma faca e para o Noam um bastão

As crianças olham-me e entendem também os cachorros entendem, todos em silêncio sem se mexer.


Do lado de fora tiros bem do lado de fora da porta do mamad escutamos os passos do Li.

Ele entra no mamad fecha a porta e diz-me:Matei um terrorista que tentou entrar pela janela

Termina a frase e uma grande explosão, nos atiraram um míssil RPG

A porta do mamad resiste

Rajadas de tiros na porta e também na janela de ferro do mamad

O quarto.Se enche de forte cheiro de pólvora.Os ouvidos zumbem

Leva um ou dois minutos para nos recuperarmos

A eletricidade é interrompida, escuro

Li me dá -me um revólver

Nós dois apontamos as armas para a porta

Quem ou o que for que decidir entrar não irá passar

Desta forma Li e eu concordamos com os olhos

Até a última bala


Nesta hora tento ligar para o encarregado de segurança envio uma mensagem de voz

Envio mensagem no grupo do kibbutz

Mandem ajuda temos terroristas em casa

Não consigo explicar o porquê, eles (terroristas) nos deixaram

Fez-se silêncio

No grupo do kibbutz começam a aparecem mais e mais mensagens

Pessoas pedindo ajuda terroristas entraram em suas casas

Mulheres e homens segurando na maçaneta do mamad ( para que não seja aberto por fora)

Casais com crianças pequenas.Bebês.

Casas queimadas

Os quartos de mamad cheios de fumaça

E o desespero aumenta

Não há resposta nem ajuda

Estamos sozinhos

Não podemos sair para ajudar não sabemos o que ou quem nos espera do outro lado da porta

Caso consigamos passar a porta o que nos espera do lado de fora

Quantos deles estarão aqui

Quem sabe? De fora não sabemos nada

Apenas notícias dos quartos de mamad

As horas passam cada minuto parece uma eternidade


"Os gritos em árabe continuam bem como as rajadas de tiro."


Os sistemas das crianças entram em modo de defesa, eles adormecem. Que bom.

Chegam notícias que isto acontece nos kibbutzim ao longo de toda a fronteira com a faixa (de Gaza)

Ofakim, Sderot

Eles nos pegaram desprevenidos complacentes e presunçosos

Temos instrumentos de defesa na fronteira e elas impedirão tudo ( realmente….. )

Os gritos em árabe continuam bem como as rajadas de tiro.

Compreendemos que ocorrem batalhas não sabemos os resultados


Ás 15:00 o exército chega junto com nosso responsável da segurança

Abrem a porta e vêem o tamanho da destruição

A casa está arrasada. E eu…. Tento compreender o que ocorre e corro para dar garrafas de água aos soldados

Junto o que consigo chanukiá (candelabro) de prata e taça de vinho do Shabat presentes de minha falecida avó e saímos. Compreendo que para esta casa não voltaremos mais.

Para o kibbutz voltaremos? Não sei não tenho resposta


Nos juntamos a todos nos abraçamos choramos

Conseguimos passar mais algumas horas e finalmente começam a falar de evacuação

Recebemos confirmação para irmos para as casas digo ao Li que preciso voltar para casa tenho que pegar algo importante que não levamos, desenhos do falecido Hami

Saimos em comboio do kibbutz

Olhamos pelo retrovisor para trás

Fumaça que sai da fábrica Nirlat cobre os céus dezenas de carros queimados com furos de tiros jogados do lado da estrada.

Olhamos para frente

Daqui a pouco ultrapassaremos isso.

Chegamos a Beer Sheva

Paramos ao lado da estrada

Tiramos os coletes a prova de balas

Li e eu caímos no choro

Abraçamos as crianças

Não compreendemos

Agora podemos avisar a família e amigos que saímos

Sobrevivemos o inferno

Estamos agora em Eilat em um turbilhão de sentimentos o que fazemos e o que não?

Como continuamos?

Vamos resolver isso

O que é certo é que minha raiva aumenta

Não mais

Chega

Deixem Tzahal ( exército israelense de defesa ) vencer

Com toda a força e com todo o seu poderio

Que isto não seja apenas um adesivo ( colocado nos carros)

Mas, o estabelecimento de um fato para o futuro

Eles não vão conseguir nos quebrar

Eles não vão nos vencer



Para todos os policiais, mulheres e homens

Para todos os soldados, mulheres e homens

Para todos os reservistas, mulheres e homens

E para todos que doam e ajudam para nosso Estado nesta guerra

Tomem cuidado

Voltem para casa saudáveis e inteiros

Vocês são heroínas e heróis




Michal R.





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