29 anos, Nativ HaAsara
Salvámos-nos por milagre,
Conto minha história enquanto habitante de Netiv HaAsara
Estou ainda na fase de rejeição dos meus sentimentos
Ainda somente meu cérebro sabe explicar o que aconteceu
7/10/23 - acordamos de manhã escutando um monte de foguetes,
Algo que não tínhamos ainda enfrentado antes.
Todos entramos no mamad ( quarto de segurança), eu sentindo um ataque de pânico extremo e depois minha irmã também…
Escutamos um milhão de explosões e depois tiros
Isto é novo, antes não haviam ( tiros)
“Terroristas? Como é possível, isto não pode estar a acontecer!”
Nossos pais faziam parte de um grupo do WhatsApp do moshav ( colônia agrícola)
Compreendemos que os terroristas estão por perto
Mas, está tudo obscuro
De repente avisam que temos mortos no moshav
Então entendi que temos um sério problema
Minha irmã implora-me para fazermos alguma coisa
Bloqueamos as portas da casa e fechamos as janelas
Papai está grudado na janela para acompanhar o que ocorre
E todos estamos com sentimento de impotência
Não estamos armados
Ao fundo escutamos tiros e um milhão de foguetes
Neste momento compreendi que provavelmente vamos morrer hoje
Entendi que esperar os terroristas chegaram em casa, sem poder fazer nada, não é uma boa solução
Entendi que devemos esconder-nos e permanecer em silêncio
Ativei minha família que estava ainda um pouco em choque
Distribui tarefas para cada um.
Pegamos coisas essenciais e escondemos-nos, ficamos em silêncio…
Ao mesmo tempo que éramos bombardeados, escutamos tiros e gritos na rua.
Escrevi uma mensagem para as pessoas que amo
Que os amo
E que talvez este seja o fim
Se acontecer algo conosco, que cuidem de nossos gatos.
Escondemos-nos em silêncio
Avisaram-nos que o exército está por perto
E que as 17 horas aproximadamente vamos ser transferidos do moshav
Acompanhados pelo exército
Juntamos rapidamente algumas roupas, levamos conosco os animais e fugimos de lá
No caminho vimos muitos soldados, queimadas e carros abandonados.
Simplesmente, voamos rapidamente de lá para o centro do país
Ao mesmo tempo que víamos foguetes sobre nossas cabeças.
Minha irmã teve novos ataques de pânico porque descobriu que vários amigos próximos morreram
Por outro lado, eu “desliguei-me”
E somente no dia seguinte entendi quantas perdas tivemos
Soube que mataram pessoas que moravam a apenas algumas casas à direita e à esquerda da minha
Por sorte, passaram por nossa casa
Ou que tentaram entrar quando estávamos escondidos… não sei
No dia seguinte soube de outros amigos de infância que moravam no otef ( ao redor de Gaza)
Que foram assassinados, sequestrados ou que estão desaparecidos
Meu coração está partido e meu cérebro recusa-se a acreditar.
Ainda não consigo expressar a dor que sinto
Meu coração está bloqueado. Mas meu cérebro entende muito bem
E espero que os roteiros que imagino
Continuem apenas em minha imaginação
Por favor,
Que apenas permaneçamos unidos,
Que ajudemos uns aos outros
Distribuam minha estória para que outras pessoas saibam o que aconteceu
Karin B.D.